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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Fazendo a Entonação de um Rastilho de Violão

Entonar um violão significa aumentar ou diminuir a distância das cordas em relação ao comprimento da escala do braço do violão. O objetivo é conseguir uma afinação precisa entre as oitavas do instrumento. Os dois pontos que trabalham nessa alteração são o rastilho e a pestana. Sendo o rastilho, a primeira parte a ser modificada em razão da sua simplicidade.

Apesar de recomendado, nem todos os violões precisam desse ajuste pois mesmo que exista um erro na entonação do instrumento, o ouvido humano dificilmente consegue notar essas imperfeições durante o uso do instrumento.
Outros fatores também são levados em consideração quando se fala na precisão da entonação: calibre da corda, material usado na fabricação da corda, idade da corda, ação do braço, altura do rastilho e etc. Essas variáveis fazem com que a entonação do rastilho não seja algo perfeito. Restando apenas buscar algo perto do ideal.
Nesse caso, o recomendando é fazer a entonação já sabendo a altura ideal do seu rastilho e usando cordas com poucos dias de uso.

Sabendo a Entonação do Instrumento

Tenha em mãos um bom afinador ou software de afinação de violões com medidor de cents. Eu recomendo e uso o aplicativo para Android gStrings. O cent é uma unidade de medida para intervalos musicais. Imaginemos algo como "milímetros musicais".
Partindo daqui, basta ter cada corda do seu violão afinada e comparar cada uma com a sua respectiva oitava na 12ª casa.


Criei uma ilustração para ficar mais fácil de interpretar os resultados no afinador.

O pêndulo branco representa a afinação ideal da 12ª casa.

O pêndulo vermelho indica que a afinação da 12ª casa está mais aguda que o normal. Sendo necessário aumentar a distância da corda em relação ao braço do instrumento.

O pêndulo azul indica que a afinação da 12ª casa está mais grave que o normal. Sendo necessário diminuir a distância da corda em relação ao braço do instrumento.

Ambos os pêndulos verdes indicam áreas de tolerância. Nesse caso, entonar essas cordas se torna desnecessário pela proximidade que têm com o ponto do pêndulo branco.

Cheque mais de uma vez a mesma corda para ter certeza do valor mostrado e anote no papel. A partir daqui podemos começar a desenhar as medidas no rastilho.

Marcando as Medidas no Novo Rastilho


Precisaremos de um rastilho com o devido raio e com o seu topo plano. O processo já foi abordado no post anterior sobre a construção de um rastilho de osso.

Mas antes, vamos observar um rastilho já com entonação de fábrica.



As setas indicam para qual lado o ponto de contato foi movido. No caso da Mi Grave (E), Lá (A) e Ré (D); o ponto de contato foi movido para trás. Isso quer dizer que essas cordas tiveram o seu comprimento aumentando e ficaram mais graves.
Notem que as três cordas receberam um tratamento diferente. A, das três cordas, foi a que menos teve seu ponto de contato levado para trás, ficando quase no meio. Já a Mi Grave recebeu o tratamento mais radical, ficando na beira do rastilho.

As cordas Sol (G) e Mi aguda (E), se mantiveram o mais próximo possível na frente do rastilho. Sendo assim, ficaram com menor comprimento e mais agudas.

A corda Sí (B) recebeu tratamento semelhante a Mi Grave, mas por se tratar de uma corda mais fina, ganhou mais material de contato para evitar que se parta devido a tensão.

Transferindo o desenho do rastilho original para um de osso, teríamos o abaixo:


As pequenas marcas vermelhas indicam a parte onde devo lixar. Como já tenho as medidas da entonação anotadas de acordo com o rastilho original. Basta que eu modifique esses valores.



No meu caso, as demais cordas tinham a sua entonação correta de fábrica. Somente a Mi aguda precisou ser modificada. Ela teve sua distância aumentada para ficar mais grave na 12ª casa. Notem que a alteração foi menor se comparada com a corda Si.


Preparando o Rastilho

Usando um lápis comum e uma régua, desenho os espaços da entonação. Também uso pequenos traços para marcar o local por onde as cordas do violão passarão. Isso ajuda a ter uma ideia do tamanho das linhas em relação ao tamanho do rastilho e posição das cordas.


Com o rastilho já desenhado, usarei uma lima chata do tipo agulha para começar a retirar as áreas marcadas. A minha custou uma média de 14 reais e veio em um jogo de dez peças. Recomendo as do tipo diamantadas por oferecerem um melhor acabamento.




Atenção para o ângulo da lima. 


Depois de lixar todo o rastilho, ainda é possível ver as linhas do lápis junto aos novos relevos.



Para ter uma melhor visão do resultado, uso um lápis comum com o seu grafite deitado para pintar todo o topo do rastilho. Somente as áreas não afetadas pela lima ficarão pintadas.




Agora só resta criar pequenas rampas por trás do rastilho para que as cordas deslizem até o ponto de contato. Aproveite as marcas do lápis para se guiar. No meu caso, o ponto de contato das cordas Mi Grave e Si estão no começo do rastilho, para elas, basta apenas um pequeno polimento da borda.


Terminado o processo, já tenho o rastilho pronto, só restando a etapa de limpeza e polimento.


Uma pequena ilustração caso fiquem dúvidas sobre qual lado recebeu as rampas.


Agora basta polir o rastilho. Recomendo lixas de 600 para madeiras e 600 ou mais d´água caso queira um brilho maior.


Outra opção também seria usar um pedaço de lã de aço molhada e um pingo de detergente para dar um brilho fosco ao rastilho.


Algumas fotos do rastilho pronto. Após o polimento, optei pelo uso da água oxigenada para esbranquiçar o osso.  Deixe o rastilho submerso em um pequeno pote por uma noite para ter um melhor resultado.




Um rápido teste com o afinador, mostrou que todas as oitavas estavam dentro do valor ideal ou tolerável de afinação.

















terça-feira, 2 de agosto de 2016

Fazendo um Rastilho de Osso para Violão

O Material e Preparo da peça

 Primeiramente, precisaremos de uma peça de osso o mais próximo o possível da medida do rastilho original. Você pode optar por comprá-la em lojas de instrumentos musicais ou fabricar as suas próprias a partir de um fêmur de vaca que pode ser adquirido em um açougue. No meu caso, optei pelo fêmur de vaca e usei uma esmerilhadeira para cortar as peças.

A foto abaixo resume o processo. No terceiro pedaço de osso, uso lixas de granulação 150 para remoção pesada e 320 quando percebo que estou chegando perto da medida ideal (quarta peça). Uma lima chata bastarda também ajuda a retirar partes muito altas. Certifique-se de que o rastilho tenha um encaixe firme mas sem precisar exigir muita força para sua remoção. Também deixe uma boa altura para ter mais oportunidades de corrigir um possível erro.




Transferindo o Raio da Escala para o Rastilho

 Boa parte dos violões de aço têm um pequena curvatura na escala. A medida dessa curvatura varia de fabricante para fabricante. Caso você tenha o rastilho original, você pode facilmente transferir a curvatura do rastilho para a peça de osso usando um lápis.
 Caso esteja interessado em descobrir o a medida do raio, recomendo esse link. Basta imprimir as folhas e comparar o seu rastilho com as medidas apresentadas.

Outra opção seria usar um lápis lixado até a metade sobre a escala do violão.



No meu caso, a troca do rastilho será feita junto com a remoção do captador que fica por baixo do rastilho original. Trocarei o atual método de captação por discos de piezo. Mas isso será abordado em outro tutorial.
Como não terei mais o piezo por baixo do rastilho, precisarei compensar o espaço usando um rastilho de osso mais alto. Para isso, uso o captador removido para ter a altura correta.



Moldando o Raio

Com a medida do raio já marcada no rastilho, usei uma lima chata murça para remover o material até a marca do lápis. Pode-se também usar uma folha de lixa deitada em uma superfície reta.





Uma Observação

Mesmo que o rastilho siga o raio da escala, ele não necessariamente precisa ser fiel a ela. Percebam que meu rastilho de osso, mesmo seguindo o molde do original, ainda saiu mais baixo na área onde passam as cordas mais finas.





Isso acontece na maioria dos rastilhos de violões de aço. Creio que a idéia seria aliviar a tensão das 3 cordas mais finas para exigir menos esforço da mão do músico. A medida pode variar conforme o fabricante. Outro fator determinante é a altura das cordas no 12º traste.




Por exemplo: No meu rastilho, estarei usando uma altura de 3 mm na Mi Grave e 2 mm na Mi aguda. Como a diferença é de 1 mm, uso uma régua para marcar para essa medida no local por onde passa a corda Mi aguda e sigo completando a curva até o meio do rastilho. 


Uma imagem para ilustrar a modificação. Notem que a medida de 1 mm só afeta a corda Mi aguda. As cordas Si e Sol, têm uma redução menor por necessidade de obedecer o raio do rastilho.





Últimos Ajustes e Acabamento

 Agora só é preciso criar uma pequena rampa no topo do rastilho para auxiliar a passagem das cordas. 


 No meu caso, uso uma lixa de 320 deitada em uma superfície reta. Como as cordas precisam "escalar" a curva, devemos criar a rampa na parte de trás do rastilho.
 Apoiando o osso na diagonal, lixe a quina traseira do rastilho até chegar a forma de uma rampa arredondada.



O resultado será algo parecido com a foto da esquerda abaixo. A quina na frente do topo do rastilho também deve ser arredondada, mas de uma forma mais leve. Apenas use um pedado pequeno da folha de lixa e a pressão dos próprios dedos para arredondar (foto da direita).

 


O polimento pode ser feito com uma lixa de 600. Lixas d'água de 1000 até 2000 podem ser usadas para dar brilho ao rastilho.


Conclusão

Terminada a etapa de polimento, o seu rastilho já está pronto para ser colocado no violão. Caso a ação das cordas esteja alta, será necessário lixar a base do rastilho em uma superfície reta para evitar o mau contato com o encaixe do cavalete. Não vou abordar esse processo pois o mesmo é simples e pode ser facilmente encontrado no Youtube.
 Existem ainda breves observações a serem feitas sobre rastilhos de nylon, mas senti a necessidade de manter o texto curto para não criar algo cansativo. Esses detalhes serão explicados brevemente.

domingo, 22 de maio de 2016

Usando uma Esmerilhadeira para o Corte e Lixa do Osso

Vasculhando o Youtube encontrei esse vídeo:



A partir dos 30 segundos de vídeo é possível ver a ferramenta que ele usa para lixar o osso. Rapidamente entrei em contato com o autor do vídeo que me informou que se trata de um angle grinder. No Brasil, é conhecida por esmerilhadeira e por incrível que pareça é bem barata e suporta vários acessórios.

Mas como seria o uso dessa ferramenta na fabricação de peças de osso para o violão? Apesar de escassez de textos sobre o assunto, consegui achar um vídeo que tratava do corte de rastilhos de osso usando a mesma ferramenta.

https://www.youtube.com/watch?v=NuEh-yW_vR8

https://www.youtube.com/watch?v=RjttraeGq2k

https://www.youtube.com/watch?v=nmAXPibqyI0


Partindo desses exemplos, fiz uma experiência com alguns pequenos pedaços de ossos e tentei criar algumas palhetas.


Excelente ferramenta! Usei pequenos pedaços de ossos de costela de boi com espessura de 3 mm. Em questão de minutos tive um molde com a forma da palheta. O resto do tempo foi dedicado ao acabamento.

Atualmente uso esse conjunto de discos.



Para o corte do osso e remoção de excessos, uso um disco para cortar madeiras da Bosch de 4,5 polegadas. O mesmo é feito para serras mármore mas funciona perfeitamente com a esmerilhadeira.



Para lixar, uso um adaptador para discos de lixa de 4,5 polegas e com base de velcro. Os kits são bem baratos e veem em diferentes granulações. A ferramenta não é eficiente para criar superfícies retas mas a rapidez com que desgasta o osso faz com que pouco tempo seja investido em retificar bases e laterais de rastilhos e nuts.



O disco que ainda está na embalagem é um disco diamantado turbo de 4,5 polegadas. A ideia era usá-lo para o corte do osso mas o atual da Bosch permite um corte mais fino e cumpre o serviço com eficiência. 

Lembrando que a esmerilhadeira é um ferramenta extremamente perigosa. Recomendo a leitura e materiais em vídeo sobre o manuseio da ferramenta.